Bioprospecção é a utilização de compostos orgânicos, como micro e macromoléculas e informações bioquímicas e/ou genéticas para a obtenção de possíveis produtos de interesse comercial, principalmente na área farmacêutica, agrícola, cosmética, alimentar e química. Essa técnica vem sendo empregada para os mais diversos fins desde o início da civilização, na forma de cultivo, domesticação de espécies selvagens, entre outras atividades.
Com o grande avanço da biotecnologia nas últimas décadas, tornou-se mais fácil a descoberta e o desenvolvimento de novos métodos de bioprospecção, como genômica (novos genes), proteômica (novas proteínas) e metabolômica (novos metabólitos). Esses mecanismos são úteis na prospecção de novas substâncias que podem ser geradas a partir de diferentes estratégias listadas a seguir:
Estratégias de Bioprospecção
Etnobiológica: Surge do conhecimento acumulado ao longo dos anos por comunidades indígenas e tradicionais.
Ecologia Molecular: Baseia-se na procura de substâncias ou procedimentos úteis a partir do conhecimento das interações entre espécies, em nível molecular, em seus ecossistemas.
Quimiossistemática: É baseada no conhecimento das composições químicas das espécies e como elas variam ao longo das árvores filogenéticas.
Tentativa-Erro: Não parte de nenhuma informação preliminar. Os extratos são feitos a partir de coleta aleatória das amostras e, em seguida, suas propriedades são testadas.
Bioprospecção no Brasil
O Brasil é um dos países mais privilegiados do mundo quando o assunto é biodiversidade. Em todo território são apresentados diversos biomas e zonas climáticas variadas, dentre eles o Pantanal, a maior planície inundável; o Cerrado, com savanas e bosques, no Centro-Oeste; a Caatinga, semi-árida, no Nordeste; os campos dos Pampas, no Sul; a floresta tropical pluvial da Mata Atlântica, no litoral e a Floresta Amazônica, a maior floresta tropical úmida do mundo. Todos esses biomas geram uma biodiversidade única no planeta, sendo alguns dos ambientes mais propícios ao desenvolvimento da bioprospecção.
Nesse sentido, constata-se que a bioprospecção já ocorre no território brasileiro desde antes da chegada dos europeus, uma vez que indícios apontam que os povos tradicionais já utilizavam plantas de tabaco e outras ervas medicinais como forma de tratamento de doenças. Com a chegada dos portugueses, franceses e holandeses, as atividades de bioprospecção se intensificaram e, com isso, veio a primeira exploração da madeira nobre de várias espécies de árvores, sendo o Pau-Brasil a mais conhecida.
Exemplo de bioprospecção
Um exemplo de bioprospecção etnobiológica no Brasil é o uso da Quinina no tratamento da malária. A quinina é uma substância extraída da casca da quina, muito presente nos países da américa do Sul, conhecida cientificamente como Cinchona calisaya.
No século XVI, os espanhóis que buscavam a conquista do Império Inca, na região onde hoje fica o Peru, tomaram conhecimento de uma árvore utilizada pelos nativos para curar a febre. Em 1633, o padre jesuíta Calancha descreveu as propriedades de cura da casca da árvore e então os jesuítas passaram a utilizá-la para produzir um chá que previne e cura a malária. Posteriormente, essa substância foi amplamente utilizada para o tratamento dessa enfermidade no continente americano. Hoje, com a criação de novos medicamentos sintéticos, a quinina não é mais utilizada nesse contexto.
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REFERÊNCIAS
Leite, Werley Barbosa, “Bioprospecção: Aspectos Jurídicos e o Procedimento Administrativo que Possibilita a Bioprospecção no Brasil” (2009): 31-48 Acesso em: 08/05/2022. Disponível em: https://tede.unisantos.br/bitstream/tede/58/1/Werley%20Barbosa%20Leite.pdf
Astolfi Filho, Spartaco, et al. “Bioprospecção e biotecnologia. “Parcerias Estratégicas” 19.38 (2015): 45-80. Acesso em: 08/05/2022. Disponível em: http://200.130.27.16/index.php/parcerias_estrategicas/article/view/732/672
Berlinck, Roberto Gomes de Souza. “Bioprospecção no Brasil: um breve histórico.” Ciência e Cultura 64.3 (2012): 27-30. Acesso em: 08/05/2022. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo
Créditos: Escrito por Eric Mendes e João Gabriel, revisado por Levi Araújo, e com artes de Stella Macêdo e Levi Brito.