Não é novidade por aqui o fato de a agricultura ser uma atividade essencial para o sustento da sociedade. Atualmente, o Brasil é reconhecido por ser um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Considerando as informações fornecidas pela Embrapa, nosso país é o maior produtor mundial de milho, açúcar e café. Além disso, ele também ocupa a primeira posição na exportação de soja, produzindo aproximadamente 50% do grão consumido no mercado internacional. No entanto, mesmo com números expressivos frente ao rendimento global, um questionamento muito pertinente é levantado quanto a essa temática: “quanto os agrotóxicos inflam essa produção e quais são os efeitos que eles podem causar em nossa saúde?”.
Se você desconhece o termo “agrotóxico”, saiba que ele possui uma definição ampla. No entanto, para esse contexto, podemos considerar que nada mais são do que compostos químicos fabricados industrialmente com finalidade de exterminar insetos, carrapatos, larvas e fungos em cultivos na agricultura. Em números brutos, o Brasil recebe o título de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Relatórios da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura apontam que, em 2013, gastamos cerca de 10 bilhões de dólares nesse mercado.
Quando nos referimos ao âmbito de seu uso em plantios, o senso comum nos leva a pensar que a produção de alimento em grande escala está intimamente dependente do uso desses pesticidas. É fato que eles podem evitar o desgaste na colheita, porém, esse é um pensamento que, até certo ponto, pode se tornar equivocado. De acordo com o pesquisador e doutor em agronomia, Adilson Paschoal, a indústria de agrotóxicos sequer reduziu as perdas em plantações causadas por espécies daninhas nos últimos 40 anos. Não é sempre que o uso desses compostos garante a proteção da colheita, principalmente quando essa utilização não é supervisionada meticulosamente.
Além disso, dados recolhidos pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) apontam que, nos países em desenvolvimento, os agrotóxicos são responsáveis por mais de 70 mil mortes anuais por intoxicação aguda ou crônica. Considerando os casos não fatais, esse número sobe para além de sete milhões, um dado alarmante. Tal exposição põe em risco a vida de agricultores, pecuaristas e trabalhadores das indústrias de agrotóxicos, além da população que consome esses alimentos contaminados. Também não podemos esquecer dos problemas oferecidos ao meio ambiente em si. O seu efeito pode ser sentido pela natureza de muitas maneiras, visto que os agrotóxicos podem atingir os diversos componentes do ecossistema simultaneamente, contaminando a biota, a água, o ar, o solo, etc. Um grande problema nesse tópico é a contaminação de água. Os pesticidas hidrossolúveis são capazes de atingir locais como rios, córregos, riachos e lagos e assim, contribuir para a poluição e a deterioração de ambientes subaquáticos e se alastrar mais facilmente para outros ecossistemas.
Pensando a respeito do que foi dito, conseguimos perceber que, apesar de os agrotóxicos terem contribuído de certa forma para o posicionamento em produção do Brasil, o custo é muito alto e desbalanceado, com consequências que seguem na contramão do que é desejado pela biotecnologia: o progresso da sociedade, minimizando sempre os efeitos negativos para as pessoas e para o meio ambiente.
É por conta de cenários como esse que, constantemente, a biotec busca encontrar soluções alternativas para que tais efeitos sejam amenizados. Afinal de contas, uma boa produtividade agrícola não necessariamente deve significar enormes perdas de humanos e de animais. Se você está curioso para descobrir como a biotec pode intervir nesses casos, então, fique atento às nossas redes sociais que em breve teremos algumas soluções alternativas ao uso e ao efeito dos agrotóxicos viabilizados pela biotecnologia.
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REFERÊNCIAS
Maiores produtores agrícolas do mundo e o que eles ensinam sobre agricultura digital. Climate Fieldview, 2021. Disponível em: https://blog.climatefieldview.com.br/maiores-produtores-agricolas-mundo#:~:text=Brasil%2C%20maior%20produtor%20de%20soja,milho%2C%20algod%C3%A3o%20e%20produtos%20florestais.
Ministério da Saúde. INCA, 2021. Agrotóxico. Disponível em: https://www.inca.gov.br/exposicao-no-trabalho-e-no-ambiente/agrotoxicos#:~:text=Agrot%C3%B3xicos%20s%C3%A3o%20produtos%20qu%C3%ADmicos%20sint%C3%A9ticos,2002%3B%20INCA%2C%202021).
TOOGE, Rikardy. Por que a produção de alimentos depende tanto de agrotóxicos?. g1 agro, 07 de outubro de 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2019/10/07/por-que-a-producao-rural-depende-tanto-de-agrotoxicos.ghtml
RIBAS, Priscila Pauly; MATSUMURA, Aida Terezinha Santos. A química dos agrotóxicos: impacto sobre a saúde e meio ambiente. Revista Liberato, v. 10, n. 14, p. 149-158, 2009.