Nesses dois anos de pandemia, um dos temas mais comentados foi “vacina”, tanto sobre as contra a Covid-19 quanto as outras já existentes e consolidadas no mundo. Muitas dúvidas e curiosidades surgiram no público em geral, sobre como os imunizantes funcionam, sua eficiência e importância. Uma que aparece com certa frequência é: por que algumas vacinas só precisam de uma dose e outras tem duas, três ou mais?
Os principais objetivos das vacinas são: produzir anticorpos contra um agente infeccioso em quantidade e qualidade (ou seja, com capacidade de neutralização) e ter uma proteção a longo prazo, gerando células de memória imunológica. Desse modo, para o organismo montar uma resposta imunológica que seja eficiente, às vezes, é necessário aplicação de mais de uma dose no esquema primário de vacinação. Tudo depende do tipo de vacina, como é produzida e componentes usados.
Importante frisar que todos os detalhes sobre a necessidade de mais de uma dose, intervalo entre doses, etapa da vida a ser aplicada e escalonamento de doses são definidos durante o desenvolvimento das vacinas, baseando-se nos inúmeros testes e avaliações aos quais essas são submetidas.
Outro fator a se considerar é que todas as respostas imunes normais diminuem com o tempo após contato com o antígeno (substância capaz de estimular a com formação de anticorpos), porque a quantidade de anticorpos circulantes no corpo tende a se estabilizar. O gráfico a seguir torna mais fácil a compreensão.

Observe que no primeiro contato com o antígeno, há o início de uma resposta imunológica, porém é uma resposta de memória baixa e não muito efetiva, como se o corpo estivesse apenas conhecendo o patógeno. Com a aplicação da segunda dose, há uma resposta imunológica bem mais rápida e, geralmente, ocorre uma resposta de memória muito mais efetiva.
Além desses fatores, existem agentes infecciosos que sofrem mutações, exigindo produção e aplicação de novas vacinas de acordo com as cepas em circulação. Um grande exemplo são os imunizantes contra a gripe, os quais são, anualmente, administrados à população em campanhas de vacinação.
No Plano Nacional de Imunização (PNI), há vários exemplos de vacinas que precisam de mais de uma dose no esquema vacinal primário ou que precisam de doses de reforço. A contra a hepatite B tem 3 doses: a primeira ao nascer, a segunda com um mês de vida e a última aos seis meses. A pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B) precisa de 3 doses nos primeiros meses de vida, com 2 doses de reforço da tríplice (difteria, tétano, coqueluche) quando criança e a cada 10 anos da dupla adulta (tétano e difteria).
Ainda que você tenha perdido o prazo recomendado, é possível atualizar a carteira de vacinação para deixar suas doses em dia. Consulte aqui as vacinas definidas no PNI e atualize sua vacinação!
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Escrito por Ariane Fernandes e revisado por Hector Castro Girão, com artes de Alana Mara Castro.
REFERÊNCIAS
INSTITUTO BUTANTAN. Uma, duas ou três doses? Todo ano, a cada dez anos, uma vez na vida? Entenda por que cada vacina tem um esquema vacinal diferente. Disponível em: https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/uma-duas-ou-tres-doses-todo-ano-a-cada-dez-anos-uma-vez-na-vida-entenda-por-que-cada-vacina-tem-um-esquema-vacinal-diferente
INSTITUTO BUTANTAN. Entenda por que algumas vacinas são dadas apenas na infância, adolescência, fase adulta ou idosa. Disponível em: https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/entenda-por-que-algumas-vacinas-sao-dadas-apenas-na-infancia-adolescencia-fase-adulta-ou-idosa
RIBEIRO, Maiara. Por que algumas vacinas precisam de reforço e outras não? Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/imunologia/por-que-algumas-vacinas-precisam-de-reforco-e-outras-nao/
SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÃO. Vacinas. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas