Em mais uma matéria do Biotec pelo mundo, caímos de paraquedas em um continente que é imediatamente citado quando o assunto é tecnologia de ponta e avanços na pesquisa científica: a Ásia. Conhecido por muitos como o continente que possui os países mais populosos e desenvolvidos de todo o globo, a Ásia também se torna uma grande referência quando falamos de biotecnologia (ficando atrás somente da América do Norte), uma vez que, segundo um estudo recente da Grand View Research (GVR), seus países mais conhecidos (Japão, China, Índia e Coreia do Sul) são destaque no mercado de biotecnologia global.
Os fatores por trás dessa grande expansão na biotecnologia podem ser explicados pelas políticas governamentais favoráveis, pelo lançamento de produtos novos e avançados, o investimento robusto do setor de biotecnologia e a demanda crescente para biologia sintética.
Japão
Grande parte das empresas biotecnológicas atuantes no Japão estão voltadas para a área de Pesquisa&Desenvolvimento, onde também é possível destacar a participação na área de terapêuticos e de farmacêuticos, segundo o Biotech Gate. Sendo um país de pesquisas científicas e desenvolvimentos tecnológicos, o Japão conta com elementos como dispositivos médicos de ponta e produtos farmacêuticos avançados.
Além disso, por ser um país extremamente populoso, a biotecnologia se faz presente em estratégias de aumento de produção de alimentos para suprir toda a população. Como alternativa para substituir a mão de obra agrícola e a falta de campo, recorreu-se à pesquisa biotecnológica e ao investimento em tecnologias que fizessem o trabalho pesado, como drones pulverizadores. Com isso, foi possível expandir a produção de alimentos.
Por fim, relacionando com o âmbito nacional, o Japão e o Brasil possuem um Acordo de Cooperação no Campo da Ciência e Tecnologia firmado em 1984, onde são realizados projetos conjuntos envolvendo as prioridades dos países, com foco também na biotecnologia. Um dos projetos criados é o Programa de Cooperação entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Agência de Ciência e Tecnologia do Japão (JST).
China
Na última década, a China se viu no meio de um crescimento absurdo no mercado da biotecnologia, guiados pela conveniência de inovação da indústria farmacêutica. Logo, devido a iniciativas governamentais favoráveis e mudanças na regulação da fabricação de medicamentos, o país alavancou no mercado, mas não é reconhecido globalmente por ainda ser uma área em ascensão no país. Mesmo assim, é estimado que o CAGR da Ásia cresça em 16,8% graças aos fatores citados inicialmente.
Grande parte do sucesso interno da China é proveniente do grande nível de investimentos governamentais que ocorrem dentro do país. Contando com mais de 100 parques de ciência, o país torna-se atrativo para investimento devido a incentivos fiscais e subsídios a fim de atingir as metas de bioeconomia. Em 2019, as empresas biofarmacêuticas chinesas registraram um total de 81 rodadas de financiamento.
Desde síntese de novas moléculas até ensaios clínicos exponenciais, a China também conta com um grande investimento no setor médico, com foco especialmente na oncologia. Dentre as empresas, é possível citar a Zai Lab, Alphamab Oncology e Hua Medicine, dentre muitas outras com tecnologias incríveis.
Índia
A índia se destaca por estar entre os 12 principais destinos da biotecnologia no mundo. Com 2700 start-ups e 2500 empresas de biotecnologia, a indústria indiana de biotecnologia somou cerca de US 63 bilhões em 2019, com previsão ainda de que a mesma alcance US 150 bilhões em 2025. Nesse contexto, há uma expectativa de que a indústria biotecnológica indiana, no âmbito global, possa crescer dos 3% em 2017 para 19% em 2025.
Além disso, na Índia existem cerca de 300 instituições de ensino que oferecem cursos em biotecnologia e bioinformática.
É importante ressaltar que a Índia assume a terceira posição de maior produtor mundial da vacina recombinante contra a hepatite B, recebendo também o título de segunda maior produtora de algodão BT (algodão vegetal geneticamente modificado resistente a pragas). A biotecnologia indiana baseia-se no empreendedorismo, inovação, desenvolvimento de talentos domésticos e demonstração de cuidados baseado em valor.
Coréia do Sul
Na Coréia do Sul, a indústria de biotecnologia assume outra característica: surge como uma solução para os problemas de envelhecimento, meio ambiente e de energia. Para isso, idealiza que seu mercado enorme seja formado e desenvolvido por convergência com outras indústrias, em especial Tecnologia da Informação e nanotecnologia, indústria biofarmacêutica e genômica, e desenvolvimento de bioindústria química de base, que, por sua vez, impactam o meio ambiente e na energia.
A Coréia do Sul apresenta-se como uma grande oportunidade de mercado, tendo em vista que é o lar de um forte negócio de biossimilares, em razão da manifesta colaboração global, resultando em negócios bastante ativos por meio de acordos.
No país existe uma organização conhecida por KeoaBio (Organização da Indústria de Biotecnologia da Coréia) que é uma associação comercial, estabelecida em novembro de 2008. Atualmente, a KoreaBio conta com mais de 300 empresas, incluindo empresas farmacêuticas e de Biotecnologia. A organização desenvolve programas de treinamento para atender às devidas empresas de forma a garantir uma melhor eficiência e uma melhor relação de investimento e colaboração Tecnologia por todo o mundo.
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Escrito por Thayssa Souza e Thiago Thaisson e revisado por Laura Boose, com artes de Victoria Leon.
REFERÊNCIAS
Biotechnology Industry in India – Market Share, Reports, Growth & Scope | IBEF
Disponível em:
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Sem terras nem mão de obra, Japão revoluciona agricultura com robôs, polímeros e drones. [S. l.], 22 set. 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-49639667> Acesso em: 18 de nov. de 2021.
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Disponível em: <https://internationalbiotech.org/market/south-korea/> Acesso em: 21 de nov. de 2021