Anualmente, a campanha internacional conhecida como novembro azul busca trazer conhecimento à população, em particular, aos homens, sobre o câncer de próstata, além de promover debates sobre outras doenças que afetam majoritariamente indivíduos do sexo masculino.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens, representando 29% dos casos desse tipo de doença. A organização afirma que, entre os anos de 2020 e 2022, 65.840 novos casos foram apontados. Além disso, a enfermidade também está em segundo lugar na categoria de mortes por cânceres na população masculina no Brasil.
A campanha de conscientização sobre o câncer de próstata tem os seus primeiros relatos atrelados ao ano de 1999. Nessa época, foi noticiada, na Austrália, a história de um grupo de homens que cultivavam seus bigodes com o objetivo de conscientizar a população sobre o câncer de próstata. No mesmo ano, a American Foundation for Urological Disease (AFUD), hoje conhecida como Urology Care Foundation, designou, pela primeira vez, o mês de setembro como o mês de prevenção ao câncer de próstata.
Quatro anos mais tarde, o movimento ganhou forças e, unindo os termos “Moustache” e “November”, os australianos Luke Slattery, Justin Coghlan, Adam e Travis Garone criaram a ONG Movember Foundation. A organização tem como objetivo incentivar a busca por um diagnóstico precoce do câncer de próstata, bem como seu tratamento de maneira eficiente.
No Brasil, o mês ganhou forças pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, criado em 2008. Suas campanhas focaram, principalmente, no incentivo ao exame de toque e ao exame PSA, visando sempre mitigar o preconceito da população contra esses exames. Por meio de seus esforços, em 2011, surgiu a campanha brasileira do novembro azul, uma das maiores em relação à diligência da saúde do homem em território brasileiro.
A próstata é uma pequena glândula presente apenas em indivíduos do sexo masculino. A sua função é produzir um dos líquidos que compõem o semêm, fortalecendo os espermatozoides. Como em diversos outros tipos de cânceres, a causa se relaciona com alguma desordem biológica que provoca a multiplicação desordenada de células naquela região, o que pode ser fatal caso se espalhe para outras partes do corpos, fase essa conhecida como metástase.
Como já citado nas nossas notícias anteriores, o papel da biotecnologia no combate aos cânceres se alinha principalmente às funções de diagnóstico e tratamento. Com o de próstata, não é diferente. Entre os diversos exemplos do mundo científico, podemos citar a vacina Sipuleucel-T contra a fase avançada da doença em questão. Registros médicos constatam que esse recurso imunoterápico implica no aumento notável da média da sobrevida global, que é o espaço de tempo onde um paciente permanece vivo após o diagnóstico ou começo do tratamento. A produção dessa vacina ocorre pela ativação de células mononucleares, que são coletadas do sangue periférico de um paciente, ao serem expostas à fosfatase ácida da próstata, um antígeno relacionado aos tumores dessa região. Após essa fase, essas células, agora ativadas, retornam para o corpo do paciente, apresentando o antígeno para as células T, que, por sua vez, desenvolvem uma resposta imunológica ao tumor.
Além disso, existem também outros tipos de imunoterapia em testes para o câncer de próstata que utilizam meios biotecnológicos. Um deles possui como objetivo reprogramar geneticamente células do sistema imunológico do indivíduo para atacar e destruir diretamente o câncer. Ela é conhecida como terapia do receptor de antígeno quimérico de células T. Resumidamente, esse tratamento consiste em inserir um novo gene em linfócitos T. A partir desse momento, a célula modificada produz uma proteína específica diferente que permite o surgimento de uma nova estrutura, um receptor de antígeno quimérico na superfície celular. Com essa nova ferramenta em mãos, os agentes de defesa do organismo em questão poderão estar aptos para identificar, acoplar e destruir as células cancerígenas. No entanto, infelizmente, a pedra no sapato dos cientistas em relação a essa metodologia são os sérios efeitos colaterais que podem acontecer durante esse processo, como neurotoxicidade ou alterações no cérebro. Por conta disso, o tratamento só é aprovado em pouquíssimos tipos de cânceres.
Atualmente, existem diversos estudos que dimensionam as possibilidades de novos tratamentos. Uma das maiores preocupações dos pesquisadores é garantir a máxima eficácia dos procedimentos e minimizar quaisquer efeitos adversos que eles possam vir a causar ao paciente.
A cada dia, a biotecnologia está caminhando sob árduo esforço para promover o bem-estar dos enfermos, desenvolvendo novas vias de tratamento e diagnóstico ou melhorando métodos antigos. Por isso, é indispensável ressaltar a imensa importância do campo científico e suas descobertas à sociedade, apoiando-as sempre que necessário.
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Escrito por Davi Eduardo, revisado por Hector Castro e com artes de Jessyca Christinne
REFERÊNCIAS
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Movember, 2021. About us. Disponível em: <https://us.movember.com/about/cause>. Acesso em: 11 de nov. de 2021.
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