Biotecnologia: da Mesopotâmia a Paul Berg

Hoje, dia 30 de junho é o dia do profissional Biotecnologista! Nós vivemos falando sobre a biotecnologia contemporânea e sobre Paul Berg…, mas vocês sabem quem é Paul Berg de verdade? E a Biotecnologia? Quando ela começou? Hora de responder essas perguntas!

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A biotecnologia clássica surgiu da observação de cruzamentos para obter as melhores características

Em sua primeira fase, a biotecnologia clássica, ocorreu a utilização de organismos vivos da forma como são encontrados na natureza e refinados por outras ciências mecânicas e biológicas, a exemplo de técnicas de melhoramento convencional por simples observação ou por estatística. Desse modo, os agricultores foram capazes de selecionar as melhores culturas adequadas, tendo os maiores rendimentos, para produzir alimentos suficientes para sustentar uma população crescente. Organismos específicos e subprodutos de organismos foram utilizados para fertilizante, restauração de nitrogênio e controle de pragas. Durante o uso da agricultura, os agricultores têm, inadvertidamente, alterado a genética de suas culturas ao introduzi-las a novos ambientes e cultivando-as artificialmente com outras plantas (seleção artificial), uma das primeiras formas de biotecnologia.

Biotecnologia Amarela: A Ciência na Produção de Alimentos

A cerveja é um dos produtos biotecnológicos mais consumidos do mundo

Populações da Mesopotâmia, Egito e Índia desenvolveram o processo de fabricação de cerveja, no qual usa-se grãos maltados (contendo enzimas) para converter o amido de grãos em açúcar e em seguida, adicionando leveduras específicas para produzir cerveja. Neste processo, os carboidratos dos grãos são quebrados em álcoois tais como etanol. Mais tarde outras culturas produziram o processo de fermentação lática que permitiu a fermentação e preservação de outras formas de alimentos. A fermentação também foi utilizada nesta época para produzir pão levedado. Esse processo de uso de micro-organismos como agentes fermentadores, pode ser definido como biotecnologia clássica, embora nesse período o termo biotecnologia ainda não era utilizado.

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Alexander Flemming fez a descoberta da penincilina por acidente, quando uma de suas culturas de bactérias foi contaminada por um fungo do gênero penincilium

No século XX, especificamente em 1917, Chaim Weizmann usou pela primeira vez uma cultura microbiológica pura em um processo industrial, o da fabricação de amido de milho com Clostridium acetobutylicum, para produzir acetona, que o Reino Unido desesperadamente precisava para a fabricação de explosivos durante a Primeira Guerra Mundial. Não somente isso, mas também, a biotecnologia também levou ao desenvolvimento de antibióticos. Em 1928, Alexander Fleming descobriu o fungo Penicillium. Seu trabalho levou à purificação do antibiótico penicilina, a qual tornou-se disponível para uso medicinal para o tratamento de infecções bacterianas em seres humanos, em 1940.


Tendências: Engenharia Genética

A biotecnologia moderna, começou em grande parte quando a Suprema Corte dos EUA determinou que um micro-organismo geneticamente modificado poderia ser patenteado no caso Diamond vs Chakrabarty. Ananda Mohan Chakrabarty, nascido na Índia, tinha desenvolvido uma bactéria (derivada do gênero Pseudomonas) capaz de quebrar o petróleo bruto, o qual ele propôs utilizar no tratamento de derramamentos de petróleo, um exemplo de biorremediação.

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A insulina é um dos produtos biotecnológicos e transgênicos mais usados no mundo. E a técnica foi criada aqui no Brasil

A partir dessa época, inicia-se a segunda fase da biotecnologia, baseada no enorme sucesso da tecnologia de DNA recombinante e da biologia molecular. Em 1972, Paul Berg realizou a primeira experiência bem sucedida na qual foram ligadas duas cadeias genéticas diferentes: ele ligou uma cadeia de DNA do fago λ junto ao operon da galactose de Escherichia coli, inserindo-os no DNA do vírus SV40. A primeira utilização comercial da segunda fase da biotecnologia e da tecnologia do DNA recombinante foi em 1982, onde a empresa Genentech produziu a insulina humana para o tratamento de diabetes. Afim de fornecer a insulina em quantidades necessárias, a insulina humana foi isolada e transferida para uma bactéria, o que foi uma prova concreta que biotecnologia utiliza organismos vivos ou parte deles.

A bioinformática é uma das áreas mais emergentes da biotecnologia

A partir do final dos anos 2000, a biotecnologia entra em sua terceira fase, no qual se busca escapar da predominância das tecnologias derivadas da biologia molecular para gerar novas tecnologias baseadas em outros conhecimentos biológicos, tais como células tronco e cultura de tecidos. Nesta fase, a biotecnologia também amplia a sua interação com a tecnologia para além das tradicionais tecnologias fornecidas pela engenharia industrial, assimilando tecnologias de robótica, automação, informática, tecnologias sociais dentre outras.

Assim, a Biotecnologia sai do melhoramento clássico, da observação e com o advento da biologia molecular, entra na era da edição gênica. Nossa profissão sempre esteve direcionada ao desenvolvimento humano, ao progresso. A inovação está no nosso DNA e a LiNA deseja a todos os profissionais da biotecnologia um Feliz dia do Profissional em Biotecnologia, com votos de um futuro mais próspero, com uma profissão regulamentada e uma categoria que seja como a Liga deseja: Unida, Forte e Atuante.

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