O biotecnologista é um profissional gigante. Nossas atribuições são extensas e nosso escopo é largo para caber em uma só matéria. No nosso mês, a LiNAbiotec decidiu explorar um pouco para o público geral e até para nós mesmos como existem biotecnologistas trabalhando em todo lugar e com todas as coisas. A partir daí, começamos com a área mais comum de atuação de um biotecnologista: a pesquisa
Entrevistamos duas biotecnologista brasileiras e perguntamos como está sendo a caminhada delas na nossa profissão. Confira:
Thais Oliveira
Graduada em 2016 em biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará, Thaís escolheu o curso em uma feira de profissões em 2011, após se deparar com uma realidade diferente da qual ela imaginava sobre a profissão, sonhava em ser cientista, porém não havia achado sua oportunidade até então. “Minha melhor amiga havia me falado sobre esse curso, então resolvi dar uma chance e escutar o que os alunos tinham a dizer. Foi uma paixão que veio no pouco tempo em que eu escutava os meus futuros veteranos. Achava que ser cientista era só para pessoas super inteligentes… Resolvi dar a chance”
Atualmente, sua área de especialidade é a biotecnologia verde. Desde a sua graduação todas as linhas de pesquisa foram relacionadas a área vegetal, portanto, escolheu cursar o mestrado em ciência vegetal molecular, algo que a abriu portas para novas experiências dentro da biotecnologia verde, quando ela decidiu trabalhar com microalgas, sendo estas o assunto da sua dissertação, no mestrado que fez na Universität Hamburg, na Alemanha.
“O campo de estudo das microalgas me interessou por ser um campo pouco explorado, então há diversas possibilidades de pesquisa e descobertas a serem feitas. Além disso, é uma área em expansão, especialmente para produzir bioprodutos (como biocombustíveis) e para esclarecer a evolução das plantas do ambiente aquático para o terrestre.”
Cosmarium crenatum é uma especial de microalga verde com relação filogenética próximas as plantas terrestres. Thaís foi responsável por estabelecer uma plataforma de transformação genética, tanto transiente quanto estável, para essa espécie especificamente. A transformação genética foi realizada por bombardeamento de partículas e com plasmídeos contendo GFP e genes de resistência a antibióticos para poder selecionar as células transformadas. É importante ressaltar que esse trabalho foi o primeiro a provar que é possível realizar transformação genética estável em C. crenatum, abrindo novas possibilidade de experimentos usando transgenia nessa espécie.
Thais também não esteve alheia a uma das questões mais urgentes da biotecnologia no brasil: o desconhecimento sobre a ciência. “Ao finalizar o Mestrado e retornar ao Brasil, percebi uma lacuna na divulgação de conhecimento sobre Biotecnologia Vegetal, então decidi que iria criar um perfil no Instagram. Foi assim que o @Biotecnologiaverde nasceu há menos de um mês e hoje sinto que posso compartilhar meu conhecimento com todos, sendo da área da Biotecnologia ou não, além de o perfil já ter me aberto ótimas portas dentro da Biotecnologia em si.”
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Natália dos Santos do Nascimento
Formada em biotecnologia em 2019 pela Universidade Federal da Paraíba, Natália dos Santos, seguiu seu sonho de trabalhar com a nanotecnologia, estagiando em diversos laboratórios durante seus 4 anos de curso, como o laboratório de nanotecnologia e nanociência industrial (LANNI), laboratório de avaliação de risco de novas tecnologias (LabRisco) e o laboratório de cultivo e análise celular (LACEC), sempre trabalhando lado a lado com a bionanotecnologia, porém com grande afeto por cada área que a biotecnologia abrange.
“A carreira como biotecnologista tem um potencial altíssimo, que infelizmente a sociedade ainda não está preparada, por falta de conhecimento da nossa existência mesmo. Mas para aqueles que têm uma mente mais aberta e aqueles que já conhecem o que um profissional na área de biotecnologia pode fazer, o mundo é nosso. Na área de alimentos temos um mercado gigantesco e novo a ser aprimorado e descoberto, a área industrial necessita da nossa intervenção para tornar os processos mais eficazes, seguros e ambientalmente sustentáveis, na área da saúde, nós podemos ampliar os horizontes com novos tratamentos e quem sabe até a erradicação de muitas doenças, e a consequente longevidade e maior expectativa de vida com qualidade.”
Atualmente, Natalia é mestranda na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, aonde continuará estudando a bionanotecnologia com ênfase na avaliação do efeito antienvelhecimento da enzima catalase, no laboratório de nanobiotecnologia. Seu último trabalho avaliou a atividade antifúngica de uma substância em linhagem de Candida.
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Essa é a área mais fácil de encontrar um biotecnologista trabalhando, devido ao processo histórico da criação da nossa graduação, além das habilidades que desenvolvemos ao longo do tempo de curso. Mas isso não significa que existam biotecnologista apenas na pesquisa. Pelo contrário, tem muita gente se aventurando. Fique atento ao site da LiNA e nossas outras redes sociais para saber mais. Feliz mês do biotecnologista!
Autora: Lina Gress | Comunicadora da LiNAbiotec
Edição: Bruno Pereira | Secretário de Comunicação da LiNAbiotec