Nos bastidores do NÚCLEO’19: uma conversa com a Conbit’19

Goiânia. Certamente o nome dessa cidade ficará marcado na mente dos mais de duzentos estudantes de Biotecnologia que participaram do NÚCLEO’19. Cinco dias com as mais diversas palestras e minicursos, além das maratonas, gincanas, visitas técnicas e, claro, a inesquecível confraternização, como só biotecnologistas sabem fazer.

Após o encerramento do evento, tivemos a oportunidade de conversar com alguns representantes da Conbit’19, o grupo de guerreiros universitários que tornaram o NÚCLEO’19 possível. Estiveram presentes:
Daniela Prates – Diretora da Comissão Científica
Artur de Oliveira – Diretor de Marketing
Laryssa Pimenta – Membro da Comissão de Alojamento e Alimentação
Ronaldo Moraes – Membro da Comissão Científica
Cynthia Camargos – Diretora da Comissão de Integração
Beatriz Rosa – Diretora da Comissão Financeira.

Gabriel Nunes: A primeira coisa que eu queria saber é como foi receber a notícia de que vocês iriam sediar o NÚCLEO’? Como foi pra vocês, já que nem todos estavam presentes em São Carlos, no NÚCLEO’18, e algunssó ficaram sabendo quando viram o anúncio pelo Instagram. E, imagino que outros só ficaram sabendo quando quem estava no NÚCLEO’18 chegou com a notícia. Como vocês se sentiram? Quais foram às expectativas iniciais?

Daniela Prates: Bom… Eu fiquei muito feliz! Fiquei nervosa, na verdade (risos). Tanto eu quando a Maju também. Tipo, meu Deus, vamos ter que organizar o NÚCLEO’. Mas foi muito bom saber que a gente ia receber gente do país inteiro aqui, sabe. E foi muito especial, porque foi no ano dos nossos 10 anos de Biotec aqui na UFG, então pra gente foi uma festa, né. Foi um presente. Um presente que deu um trabalho, mas foi um presente. Foi muito bom ter tudo isso aqui, e pra gente acabou sendo muito importante. Pra UFG, pro curso, e tal. E foi muito interessante. Ficamos muito felizes. Nervosos, mas felizes. 

Artur de Oliveira: Apesar de a gente se empolgar com a ideia, a gente sabia ainda assim que teria alguns desafios a serem, seguidos. Primeiro porque a gente poderia sofrer um pouquinho com a quantidade de pessoas. Ainda mais porque, diferente de outros cursos, o nosso curso aqui na UFG tem entrada de alunos anualmente, e é uma turma de trinta alunos. Então a gente poderia ter um problema futuramente com esse número de pessoas. Mas a gente  considerou, acima de tudo, o interesse e a disposição das pessoas que participariam desse processo, e que essas poucas pessoas se empenhariam pra fazer as atividades. Então essa foi a nossa aposta, e eu acho que deu certo, apesar dos probleminhas que a gente teve e tal. Eu acho que, no final, pelo feedback que a gente pode acompanhar pelas redes sociais e pelo que o pessoal falava, a gente conseguiu realizar um bom evento.

Beatriz Rosa: Eu também fiquei um pouco preocupada porque, como o Artur disse, nós temos um curso que já não é muito grande, principalmente por causa de evasão. A gente tem uma taxa de evasão bem alta. E… Sempre tem aquela pessoa que é pessimista. Então, até durante o workshop da Susan, ela falou que é muito importante a gente identificar essas pessoas desde o começo e retirar elas do ambiente. E, felizmente, a pessoa pessimista que tinha no nosso ambiente, que era muito influente até, ela se retirou do ambiente antes que pudesse causar mais problemas. Deu um boa sorte pra vocês e foi embora. Mas, isso facilitou também a nossa produtividade, porque a gente não tinha essa negatividade e conseguia pensar melhor em conjunto e positivamente. Então, uma dica que eu posso dar é: identifiquem essas pessoas e retirem elas da Comissão se for necessário.

Gabriel Nunes: Como foi reunir esse time de elite que é a Conbit’19? Já que nem todos eram membros da LiNA anteriormente. Nem todos eram conselheiros ou assessores. Como foi trazer isso para os colegas de vocês?

Cynthia Camargos: Logo que a notícia de que o NÚCLEO’ viria pra Goiânia caiu no meu colo, isso no meio do NÚCLEO’18, foi aquele misto de felicidade com “meu Deus do céu o que que vai acontecer”. E eu conheci o pessoal da Conbit’18 e falei “ajuda aí”. Nisso eu conversei com o diretor, porque era uma possibilidade de maior integração do curso. A gente vê o curso aqui muito separado. Muito segregado em vários aspectos. E, conversando com o diretor, falei que era uma oportunidade enorme de integrar essas pessoas. A LiNA, a empresa júnior, a atlética, e tudo mais. Então, lá mesmo, durante a reunião da LiNA no NÚCLEO’18, eu falei com o professor e ele disse “então chame eles que vai ser bom trabalhar com um evento grande, porque é mais experiência também pra vocês”. Então, tudo começou… Essa chamada de gente pra entrar, partiu também do diretor, para integrar as instituições da Biotec. Não deixe ao léu, assim, tipo “estudantes, venham!”. Coloque a responsabilidade nas mãos das instituições da Biotec e façam com que elas trabalhem no evento também, junto com a LiNA, porque isso não é só da LiNA. Isso é o nome da Biotec que está indo pra frente. Então tudo começou daí. Escalando esses dois (a empresa júnior e a atlética) e, mais pra frente vieram os editais pra recrutar pessoas, e aí a gente teve o interesse dos que não estavam envolvidos em nenhum desses dois. Mas tudo começou aí.

Artur de Oliveira: Houve desafios também nessa parte. Não sei se é uma coisa que acontece também em outros Polos, mas como o NÚCLEO’ acabou sendo aqui em Goiânia, eu pelo menos senti que parte dos estudantes daqui se sentiram acomodados. Tipo “ah, vai ser aqui? Então tá tudo tranquilo!”, então alguns não participaram. E eu acho que esse é um desafio que os outros NÚCLEO’s terão que vencer: engajar muito as pessoas para que elas ajudem na participação ou na organização do evento. Tanto que, esses editais foram surgindo com o tempo, porque as pessoas que, inicialmente, não se inscreveram passaram a pensar “vai ser uma boa ideia estar envolvido”, né. E então eles passaram a participar na organização, de maneira mais tardia, mas participaram.

Gabriel Nunes: E como foi a relação entre vocês e os demais colegas de curso? Tipo, uma vez que começam a fazer parte da Conbit’, vem as responsabilidades, as reuniões a mais, o tempo que precisam dedicar a mais e que acaba privando de momentos com os amigos. Seus amigos entendiam? Ou isso acabou “isolando” vocês por um tempo?

Beatriz Rosa: Como a maior parte das pessoas com quem eu converso estava na Conbit’ (risos), então as vezes estávamos falando sobre nossas coisas e aí a gente parava e falava “ah não, mas tem que fazer aquele pagamento. Tá bom. ”, e aí continuava a conversa, sabe? Então eu acabei mesclando as minhas coisas pessoais com as da Conbit’ e deu certo. Aí até o meu namorado ficava sabendo de tudo da Biotecnologia, e… Foi isso. Não foi problemático. Não teve isolamento. Acho que a gente não tem gente suficiente pra isolar assim.

Daniela Prates: Mas é bem isso mesmo. Acho que acaba que a gente fica mais junto assim. Mas sei lá. Na nossa turma, não sei se porque a gente já tá no final (do curso), mas a gente já tá meio assim, separado. A gente é bem unido e tal. Conversa, e tudo mais… Mas… Tem gente fazendo estágio lá em Aparecida, então a gente já está acostumado a não estar sempre junto. Isso dentro do curso. Então eu acho tranquilo. 

 

Gabriel Nunes: Eu sei que tem algumas pessoas fazendo estágios, outras que estão em outros projetos de extensão, além das aulas… Como foi pra vocês equilibrar todas essas responsabilidades? Foi fácil?

Daniela Prates: Bom… Fácil não foi, né. Porque eu to fazendo TCC, tentando terminar o curso esse ano, e são muitas matérias em todos os períodos, até o sétimo período. Eu também estava fazendo, inglês. Terminando meu inglês. Me formei, graças a Deus. Mas assim, é muito difícil estar fazendo TCC, ser IC, dez matérias… Eu tava fazendo nove matérias esse semestre, dez contando com o inglês, né. Então realmente não é de seguir, sabe… Dá pra ficar meio surtado, de fato. Me estressei muito mas… Fui aprendendo a controlar também, sabe? Fui aprendendo a ficar mais de boa. Porque querendo ou não, eu não sei pros outros, mas eu não achei ruim estar organizando o NÚCLEO’. No momento que eu estava organizando o NÚCLEO’ eu tava de boas, sabe? Porque foi uma coisa que eu gostei de fazer. O que me estressou foi o curso. O curso me atrapalhou de organizar o NÚCLEO’, e não o NÚCLEO’ que atrapalhou meu curso (risos). Mas assim, quando a gente tá fazendo uma coisa que a gente realmente gosta, acaba que a gente segue, mas assim… Realmente foi muito puxado. 

Artur de Oliveira: Realmente, comparado a parte social, a parte acadêmica é um pouco mais complicada. Então… Estávamos vivendo, durante o NÚCLEO’, um momento tenso porque era o período do relatório final da Iniciação Científica, que era pra entregar ontem (31 de julho), e eu vi que algumas pessoas tiveram problemas com isso, porque o evento acabou dia trinta e um, e o limite para o envio do relatório final também era dia trinta e um. Então o pessoal tava correndo bastante com isso. E creio que seja o maior problema que possa ter atrapalhado na organização, porque eu senti que o pessoal estava querendo muito participar da organização, porém os deveres de laboratório ou estágio estavam presentes também. Então essa parte científica, dos laboratórios, dos estágios, tem que ser organizada quando for comparada com as atividades do NÚCLEO’ pra dar tudo certo.

Beatriz Rosa: Bom… A gente ficou sabendo que iria organizar o NÚCLEO’ um ano antes, então a gente conseguiu se organizar, de certa forma. E aí uma das coisas que eu fiz, e que eu acho que foi muito acertada e que eu não voltaria atrás, foi pegar menos matérias no semestre antes do NÚCLEO’. Principalmente porque, estando no financeiro, eu tinha que fazer muitas reuniões com os patrocinadores, com o nosso professor tutor para resolver algumas questões urgentes e… Essas pessoas não tem horário. Então é assim: “Amanhã de manhã. Tal hora.”, e é isso. Você tem que estar lá. Se eu tivesse aula nesses horários, talvez tivesse reprovado por falta, ou alguma coisa assim, sabe? Teria perdido muitas aulas, não teria tempo para fazer os trabalhos. Então, como eu peguei menos materiais, foi viável fazer essas movimentações, ir atrás das coisas que precisava durante o horário comercial, e fazer os trabalhos das outras matérias e ir bem nelas. E assim, durante o NÚCLEO’ eu não tive tantos problemas quanto o pessoal que estava fazendo Iniciação Científica porque eu estava fazendo extensão, e o prazo da extensão começa hoje (01 de agosto) e vai até trinta e um desse mês, então esse problema eu não tive. Mas é uma dica também que eu deixo pra próxima Conbit’: liberem muito tempo. Coloquem o tempo de organização como um horário fixo semanal, pra que vocês consigam fazer essas coisas não só no seu tempo livre, que pode ser durante a noite ou a madrugada, porque você vai ter que fazer coisas no horário comercial. E, às vezes, a gente não pensa nisso. Então liberar esse tempo é importante, e se a gente se organizar com antecedência fica bem mais viável e mais tranquila a organização. 

Laryssa Pimenta: Em relação a isso eu percebi que eu fui muito despreparada porque não fui tão inteligente como a Beatriz. E acabou que as outras coisas prejudicaram muito a minha atuação dentro da Conbit’, porque era muita matéria… Era laboratório… Era corrigir os relatórios da monitoria… Era preocupação disso… E no final já não tinha o controle de nada. Então realmente, isso de se organizar e deixar um tempo pra você conseguir ter o controle daquilo que você precisa fazer e realizar aquilo que de fato tem que fazer… Então é se organizar… E ter tempo… E não tentar pegar todas as matérias e tentar fazer tudo.

Gabriel Nunes: Dada a realidade que o país está vivendo, em que as universidades estão com o orçamento reduzido. A UFG está passando por dificuldades agora, e não só a UFG. Vários congressistas não puderam vir, pois suas universidades cancelaram os ônibus devido à redução de gastos, pelo contingenciamento. Como foi lidar com essa situação? Sabendo que é um desafio para vocês, está sendo um desafio para os outros, e um reflete no outro.

Beatriz Rosa: Essa foi uma das questões mais conflituosas que a gente enfrentou, porque a plataforma de inscrições que a gente contratou não previa um reembolso depois de certo tempo. Eles seguiam o nosso regulamento. Nós consultamos o regulamento do ano passado também, as cláusulas sobre reembolso. E quando começou a ter muitos pedidos de cancelamento, a gente teve que achar alguma saída pra que aquelas pessoas não ficassem tão prejudicadas, né. Porque a gente não conseguia também modificar a decisão de uma universidade. A gente não conseguia levantar doze mil reais pra trazer aquelas pessoas. Então, o que a gente podia fazer, o que estava dentro do nosso alcance, era ajudar elas a não ficar tão prejudicadas por não vir. E aí a gente achou uma saída: de pegar esse valor que já foi pago e passar pra inscrição de outra pessoa. E a plataforma Congressy fez isso com a gente. Ela abriu essa possibilidade, uma exceção que não costumava ter. Foi bastante complicado lidar com o grande número de transferências que teve. Mas a gente sente que foi um serviço que a gente fez que diminuiu um pouco o sofrimento daquelas pessoas, sabe? E que era o que a gente podia fazer… E outras coisas a gente ficou no prejuízo mesmo, que a gente tinha comprado com antecedência pra ter o desconto, e acabou que ficou um excedente grande… E, realmente, essas foram as questões mais complicadas… Porque uma palestra que é dada pra duzentas pessoas pode ser dada pra mil. Um minicurso que você determina que é pra vinte pessoas vai continuar sendo pra vinte pessoas, venham vinte ou duzentas no congresso. Uma visita técnica, que só tem quarenta vagas, vai continuar só tendo quarenta vagas. O coffee é manejado conforme vai sendo o fluxo de comida das pessoas, de alimentação, e isso é fácil de manejar. E as mídias também. Uma postagem que uma pessoa vê, trezentas veem. Então, realmente, o financeiro foi o mais afetado com isso. Com os produtos a gente teve uma dificuldade mas, olhando pelo lado positivo, a gente conseguiu ter mais cuidado e mais atenção com esse número menor de pessoas. Talvez, se tivesse vindo mais gente, a gente tivesse mais dificuldade de lidar com a quantidade de pessoas. De ter um espaço confortável pra todo mundo. De ter uma entrada facilitada pra o pessoal ver as palestras. E mesmo pra andarem aqui pela cidade e a gente conseguir dar uma atenção, porque a nossa equipe também não era tão grande… Então, assim, problemas nós tivemos, assim como todo mundo. Mas a gente tá conseguindo contornar e… O que a gente pode deixar pra o futuro é que: esse tipo de problema sempre acontece. A gente não tem como prever. Mas a gente tem como se preparar. E o próximo NÚCLEO’, que vai ser em Manaus, tem que tomar bastante cuidado. Fazer estimativas com os dados mais acurados que eles conseguirem. Perguntarem nas universidades quem tem intenção de vir mesmo, se for possível… E ter esse cuidado de conseguir um número mais palpável, para que o evento seja feito para um número real de pessoas, e não para um número “desejado”. Isso ajuda muito no planejamento do evento.

Gabriel Nunes: Como foi encarar a chegada dos congressistas? Tipo, “tá acontecendo! O NÚCLEO’19 começou!”

Daniela Prates: Na hora que os congressistas chegaram mesmo eu não estava lá. Eu estava com a Maju no alojamento resolvendo alguns imprevistos. Mas eu lembro que, na hora do Coquetel de Abertura eu parei, olhei aquele tanto de gente junta no mesmo lugar e eu falei “tem mais de duzentas pessoas aqui.”. E eu lembro de ficar olhando pra aquelas pessoas e pensar “como que tem duzentas pessoas aqui”, sabe? (Risos) Foi um choque. Foi um choque grande. E aí, na hora que eles foram entrar no auditório, e eu vi aquele tanto de gente, eu parei e tirei uma foto e eu fiquei “tem mais de duzentas pessoas aqui!”. Então, era a única coisa em que eu conseguia pensar. Era um choque, sabe? Era a primeira vez que eu via tanta gente junta. 

Cynthia Camargos: Olha… Começou. Acabou. E a ficha ainda não caiu. Mas eu já estive em outras edições. Eu mantenho contato com uma boa parte das pessoas ao longo do ano, então foi maravilhoso porque foi um momento de rever muitos amigos. E eles não tinham visto nada do evento e já estava elogiando, e eu fiquei “meu Deus do céu… O que que tá acontecendo? Socorro.”, e isso é muito bom! Porque, num sei, parece que cada agradecimento, cada elogio, faz tudo valer a pena, sabe? E, nossa, não tinha nada melhor. Quando tinha cinco minutinhos livre assim eu dava uma rodada entre o pessoal, perguntava o que tava achando. Todos os dias. E isso deu gás pra continuar, sabe? O dia começava, mas não tinha horário pra terminar. E as vezes nem terminava, e já começava denovo, e eu falava “meu Deus o que que está acontecendo aqui?”, mas foi maravilhoso. Ver aquele tanto de gente aqui e sabendo que todo esse trabalho valeu a pena.

Daniela Prates: É muito emocionante. A gente para, e a gente fica assim meio estático vendo aquele tanto de gente e pensando “nossa, agora eu vou ter que cuidar de todas elas.” (Risos)

Cynthia Camargos: E você vê que deu certo. Foi um parto, que durou uma semana, mas que deu certo. E (os congressistas) adoraram. Isso que é o mais importante.

Beatriz Rosa: Eu sou um pouco menos emotiva, então… Eu tava preocupada. Com a questão da alimentação, se ia ter comida pra todo mundo. Se o sistema ia funcionar pra fazer a inscrição de todo mundo, mesmo porque eu que tava em contato com a plataforma de inscrições, e eu tava louca com isso. E eu tava preocupada se todo mundo ia conseguir entrar e marcar as presenças, e se… Enfim, eu tava preocupada com muita coisa (risos). Mas, eu acho que, dentro do esperado, tudo ocorreu muito bem. E ficou com uma quantidade confortável de pessoas, mesmo que tenha sido muita gente, mas a gente conseguiu acolher bem esse pessoal todo. E, quando eles realmente estava lá, na hora do vamo ver, nós conseguimos entregar um bom evento, mesmo sem nenhuma experiência nisso.

Cynthia Camargos: Você falou uma palavra importante. Acolhimento. Eles se sentiram acolhidos. E isso foi muito legal.

Gabriel Nunes: Eu queria saber de vocês, goianienses, como foi lidar com outras regiões e outras culturas. O que o Brasil sabe sobre Goiânia é que “é a terra do sertanejo”, “é a terra do rock”, é conhecida pelas festas, pelo gosto dos goianienses pela cerveja. Eram essas as perspectivas que as pessoas de outras regiões tinham? Como vocês sentiram as expectativas dos outros sobre a sua cultura? Como foi lidar com as outras culturas das outras regiões do país?

Artur de Oliveira: Então, a gente já sabia que o pessoal de outros estados poderia chegar com o estereótipo do sertanejo, o mais clássico de todos. Então era uma estratégia que a gente já havia discutido em reunião pra, no marketing, a gente postar tudo que tinha disponível em Goiânia e que nós sabemos que existe, mas que eles não. Então a gente fez um cronograma com tudo o que se poderia falar de Goiânia e não se sabe muito. A coisa do rock, muitos não sabiam, e até algumas pessoas que moram em Goiânia não sabem. Mas a gente focou nessas características. A gente focou também na culinária, pra apresentar Goiânia de uma forma diferente. Pra ver que não é uma coisa fixada. Nós falamos dos festivais de música, que também vem crescendo bastante. Então, nesse ponto, acho que o pessoal fixou bem. A gente mostrou os pontos turísticos, e eu acompanhei pelos Stories que o pessoal visitou bastante. Foram ver o Beco… Foram ver os parques… Então, eu gostei.

Cynthia Camargos: Eu adoro esse mix de culturas. Presenciei algumas reuniões da LiNA e eu adoro aquele mix de sotaques e cada hora vem um sotaque diferente, falo “gente, ai que maravilha!”. Porque é bom. Você vê o Brasil inteiro reunido em prol do bem comum. E eu até conversei com algumas pessoas, e é muito legal. Você chega no credenciamento, e chega cada um com um sotaque diferente, e de um jeito diferente de falar, e de algumas expressões características. Mas, no último dia do NÚCLEO’, tá todo mundo falando igual. Então todo mundo saiu daqui meio goiano, falando “uai, credo uai.”. Esse mix que vai fazendo ao longo do tempo é muito legal. E eles conheceram Goiânia, de dia e de noite. Eu descobri rolês em Goiânia que eu nem sabia que tinha, lugares que eu nem sabia que tinha, graças a esse povo que não para nunca. E foi muito legal aprender a cultura da galera, não só pelas partes sérias, sabe? O que o pessoal faz. O que eles curtem fazer nos momentos livres. Eram bem diferentes. Os gostos eram bem diferentes também. Quando a gente falou da dupla sertaneja na festa teve gente que já tava “ah meu Deus eu vou sofrer!”. Na verdade, todo mundo sofreu. Se não fosse por gostar de sertanejo, era porque sertanejo faz sofrer mesmo (risos). Então, trazer um pouquinho da cultura goianiense pra cada um e ver que eles curtiram isso, ver que eles absorveram isso, e tão saindo de Goiânia carregando um pouquinho da gente. Da mesma forma que eles vieram pra cá e a gente vai carregar um pouquinho de cada uma dessas regiões. Cada uma dessas diferenças com a gente a partir de hoje. Foram muitos aprendizados. Soluções diferentes para o mesmo problema, até.

Gabriel Nunes: Sediar o NÚCLEO’. Ter mais de duzentas pessoas aqui. Vocês carregaram a “coroa” do Encontro Nacional dos Estudantes de Biotecnologia, e chegou ao fim. Vocês passaram essa “coroa” adiante. Como é essa sensação, de saber que “nós fizemos”? Como é contar pra os seus amigos, colegas, professores e familiares que vocês fizeram o quinto Encontro Nacional de Estudantes de Biotecnologia?

Daniela Prates: Eu acho que acabei falando um pouco, ao longo da entrevista, mas é realmente muito emocionante. É uma semana do evento, mas antes também é cansativo, é estressante, tem problemas, a gente quer morrer, a gente quer matar alguém… A gente fica muito nervoso. A gente briga. A gente faz as pazes… Então assim né, tudo acontece e eu acho que todas as emoções que a gente pode sentir, a gente sente, na semana do NÚCLEO’. E realmente, tudo acontece. A gente cansa… Mas no final a gente vê que tudo isso vale a pena. Ontem, que foi o último dia, eu estava pilhada, sabe? Mas foi chegando o final e eu tava assim que não conseguia ficar sentada. Assim, um pouco de ansiedade, porque ta chegando no fim, mas também de alegria por ter chegado até aqui. Então, é um momento assim, muito intenso, sabe? E aquela coisa de “não pode chorar, a gente vai tirar foto.”, e assim, eu sou um pouco sensível demais. Emotiva demais. Então todos os dias do evento tinha aquela hora em que eu saía, me afastava e falava “não vou chorar agora”, e voltava depois. Você respira fundo. E eu falei isso algumas vezes pra pessoas da comissão que vieram conversar comigo, que estavam nervosas ou alguma coisa assim. E eu falava “gente, quando vocês estiverem assim, para!”, e eu fiz muito isso. Eu parava, olhava e pensava em todas as pessoas que estavam vindo para o evento. Tanto de congressista quanto de palestrante. E eu pensava em cada palestra que tinha, em cada pessoa que vinha. E isso é uma coisa grande, sabe? Isso é uma coisa que, na hora a gente não tá percebendo, e a gente só percebe depois. E falar com os familiares é muito bom! Eu falo com a minha mãe e ela ficava “nossa! Olha só minha filha! Tá com palestrante de num sei onde! Internacional e tal.”, então assim, as pessoas acabam dando impulso pra gente continuar também. Porque quem tá de fora vê isso de uma forma muito mais grandiosa do que a gente, sabe? Então, é muito bom. E eu fico muito feliz por ter organizado o NÚCLEO’. E por a gente ter conseguido. Por ter chegado até aqui. E acabou, e mesmo com os problemas, deu tudo certo. E isso foi muito bom, não só pra mim como pessoa, mas também para o nosso curso. Não posso falar muito sobre, mas ontem o nosso diretor mandou um e-mail com notícias muito boas, sabe? Que a gente conseguiu coisas por causa desse evento que ele vêm tentando fazer a algum tempo e não conseguia. E isso é muito bom. É muito importante. E assim, eu acho que, quem tiver a oportunidade de sediar o NÚCLEO’, sedie! Porque vai ser, assim, uma oportunidade na vida. 

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